A palavra dízimo (do grego dekáte e do latim decimae) significa “a décima parte”. Conquanto a maioria das comunidades cristãs sejam frequentemente lembradas pelos seus tesoureiros locais da advertência profética de Malaquias 3,6-12 acerca do dízimo, a Bíblia trata desse tema em vários outros textos como, por exemplo, Gn 14,17-20; 28,18-22; Lv 27,30-33; Dt 14,22-29; Mt 23,23-24 e Hb 7,1-10. Ao todo, ela emprega a palavra dízimo por volta de 50 vezes.
Em seu livro “Tirando o pó das palavras”, o Rev. Tércio Machado Siqueira nos informa que a palavra hebraica para dízimo, ma´aser, carrega uma fantástica história, sendo aparentada ao verbo árabe ´ashara, cujo significado é formar uma comunidade, constituir um grupo. Segundo ele, “primitivamente o dízimo destinava-se ao sustento do sacerdócio levita e de pessoas necessitadas (Dt 14,28-29). Durante a monarquia em Israel, o destino do dízimo alcançou outras áreas, como a manutenção do templo e do sacerdócio.” E ainda: “Originalmente a oferta do dízimo estava ligada à vida do camponês. A oferta era uma expressão de gratidão a Deus pelo dom da terra, da chuva, do ar e do sol. Sobre isso, a Bíblia fala a respeito das primícias como a mais pura expressão da espontaneidade humana”. Na continuidade de seu texto, o Rev. Tércio narra como alguns reis e sacerdotes desviaram os dízimos em benefício próprio, sofrendo duras críticas por parte de diversos profetas.
Jesus também criticou fariseus e doutores da Lei que, conquanto fossem cuidadosos na correta prática do dízimo, negligenciavam a necessária prática da justiça, da misericórdia e fidelidade. Ele conclui: “devíeis, porém, fazer estas coisas [a prática do dízimo], sem omitir aquelas [as obras de misericórdia]!” (Mt 23,23 – são minhas as palavras entre colchetes). Para Jesus, uma prática não substitui a outra; antes, elas são complementares.
É absolutamente claro que uma comunidade de fé e prática, para sobreviver e crescer, necessita de recursos financeiros; e estes costumam provir de seus membros. Com freqüência relembramos que, ao assumir os votos de membro da Igreja Metodista, o cristão ou cristã compromete-se a sustentar a igreja com sua presença, orações, dízimos e ofertas. Mas ainda hoje, infelizmente, há inúmeras igrejas que fazem do dízimo um “cavalo de guerra”. E o pior: nem sempre fica muito claro onde vai parar tudo o que, em nome da Bíblia e de Deus, se arrecada. É o que diz o texto de 1Tm 6,6: alguns homens “supõem que a piedade é fonte de lucro”.
A Igreja Metodista, ao longo de sua história, zela pela transparência e ética no trato dos recursos financeiros arrecadados. Para tanto, pastores e pastoras não lidam com os dízimos e ofertas, ficando estes a cargo da Tesouraria e do Ministério da Administração, ambos formados por leigos e leigas. Aliás, o Colégio Episcopal oferece-nos uma pastoral sobre o dízimo, embasando biblicamente sua prática e reafirmando a sua importância. É necessário conhecê-la e, também, conhecer a destinação do que se arrecada, ajudando a discernir quais as prioridades da comunidade, expressas em seu orçamento-programa.
Com “fraternura”,
Rev. Marcos R. Lima