O capítulo 15 do Evangelho segundo Lucas poderia ser chamado de “a seção de perdidos e achados” das Sagradas Escrituras. Ali, encontramos uma ovelha, uma moeda e um filho que, respectivamente, foram perdidos e achados.
Destas três narrativas, a mais conhecida e apreciada é, sem dúvida, aquela que ficou conhecida como a “Parábola do Filho Pródigo”. Neste Dia dos Pais, vale a pena recordá-la e refletir sobre seu conteúdo. Não se sabe quem a intitulou assim, visto que o título não faz parte do texto bíblico original. Seja quem for, não atentou para um fato importante e, por isso, desviou o foco da mensagem de Cristo.
As parábolas, ao contrário das alegorias, não contêm uma mensagem em cada particularidade da narrativa. Conquanto muitos pregadores/as cometam esse equívoco de buscar significado para cada pequeno detalhe deste texto, as parábolas caracterizam-se por apresentar uma única e central mensagem. O título, como uma espécie de sumário do texto que lhe segue, deveria expressar de antemão essa mensagem. Contudo, no caso da parábola que ora analisamos, quem a intitulou preocupou-se em salientar o fato que o filho desperdiçou a herança do pai. Daí o adjetivo “pródigo”, que significa esbanjador, gastador. Apesar de ser um ponto importante para a narrativa de Cristo, o desperdício do dinheiro paterno não é o centro da mesma; não se encontra aqui a sua mensagem fundamental.
Na verdade, a personagem central desta bela parábola não é o filho e, sim, o pai. A mensagem fundamental da mesma é o amor de Deus, ilustrado pelo pai que perdoa e acolhe, com grande alegria, o filho que se havia perdido. Este, por sua vez, representa cada um de nós que, antes perdidos, nos arrependemos e voltamos para os braços do misericordioso Pai celestial.
O interessante é que, em nossa língua portuguesa, o adjetivo “pródigo” não possui apenas o sentido pejorativo, acima mencionado, de esbanjador ou gastador. Ele também carrega um sentido positivo, podendo significar “generoso”. Nesse último e belo sentido, o pai da parábola também é pródigo. Sua prodigalidade em amor permite ao filho um recomeço. É exatamente o que Cristo quis que compreendêssemos: a generosidade divina está à nossa disposição; para desfrutar do perdão do Pai e recomeçar, basta que nos arrependamos, abandonemos o erro e retornemos a Ele e ao convívio da família da fé.
Na próxima vez que ler ou ouvir esta parábola, não se concentre no desperdício de dinheiro mas, sim, na abundância da graça. Nas palavras do apóstolo Paulo, “onde abundou o pecado, superabundou a graça!” (Rm 5,20). Testemunhe isso! A Igreja Metodista convida-nos a testemunhar a Graça. Para tanto, você pode até valer-se da belíssima “Parábola do PAI Pródigo”!
Com “fraternura”,
Rev. Marcos R. Lima