A Igreja Metodista afirma canonicamente que “a Ceia do Senhor é o sinal de nossa redenção em Cristo e o memorial perpétuo de sua paixão e morte. Nos elementos da Ceia, Cristo se dá aos que são seus, renovando a comunhão de amor da nova aliança”.
Na sua pastoral sobre o tema, o Colégio Episcopal, com a intenção de promover unidade cristã entre os metodistas, aborda a Ceia como refeição comunitária, a partir de uma compreensão bíblico-teológica sobre o sentido para quem come, para o convite e para o repartir. No texto episcopal, a Ceia é compreendida como “...uma denúncia contra os muros que nós construímos entre nós. Sejam os muros sociais, sejam os muros de idade ou mesmo os de maneira de pensar (doutrinários, ideológicos, políticos, etc). Diante da Mesa do Senhor somos todos iguais, ou seja, pobres pecadores e pecadoras carentes da graça salvadora de Deus em Cristo”. Ao falar dos costumes na vida da Igreja, a Ceia é apresentada pelos bispos metodistas como uma prática de partilha e solidariedade.
Encontra-se ainda no livro “Cinqüenta Anos de Metodismo no Brasil”, de J. L. Kennedy, uma afirmação quanto à prática metodista de ministração da Ceia do Senhor: “Os metodistas convidam todos os crentes em plena comunhão com a sua Igreja, seja qual for a denominação evangélica, a comungar com eles, e dão aos seus membros a liberdade de comungar com as outras igrejas Evangélicas.”
Em seu livro “As Crenças Fundamentais dos Metodistas”, Mack B. Stokes também fala acerca da comunhão para todos como uma das atitudes dos metodistas. Após lamentar os esforços de inovação que, segundo ele, vulgarizam o profundo significado da Ceia do Senhor através de músicas e liturgias que não comunicam autenticamente o que Jesus Cristo fez por nós, o autor afirma veementemente: “Lamentamos também a prática comum entre cristãos de excluir outros companheiros cristãos da Ceia do Senhor. Acreditamos na comunhão aberta. Em alguns grupos, os cristãos se sentam juntos e conversam sobre a união da igreja. Mas não podem se ajoelhar juntos diante da Mesa do Senhor. Isso é cômico! É deplorável em todos os sentidos, histórico, teológico, ecumênico e empírico. Nem mesmo um parente de outra denominação pode participar deste sacramento, nem um amigo, nem um companheiro na luta pela liberdade e justiça. Poucos fatos hoje em dia ilustram mais tragicamente o colapso da inteligência e da boa fé... Que todos os que se arrependem sinceramente e que têm amor por seus companheiros – ou que desejam ter – venham até a Mesa do Senhor!”.
A firmeza de Stokes é necessária, frente aos absurdos que se observam na prática de algumas denominações que insistem em suas práticas exclusivistas. A compreensão e a prática dos sacramentos expressam a identidade de uma igreja cristã. Assim sendo, é momento de reafirmarmos nossa vocação cristã, enquanto “povo chamado metodista”, através da hospitalidade eucarística e de um testemunho de vida que confirme a nossa comunhão e, também, a nossa esperança da plena concretização do Reino de Deus.
Com “fraternura”,
Rev. Marcos R. Lima