No Antigo Testamento, escrito em hebraico, a palavra mais utilizada para a adoração é “shachah”, que significa inclinar-se, curvar-se, abaixar-se, prostrar-se, adorar, fazer reverência. Já no Novo Testamento, escrito em grego, é frequentemente usada, com o mesmo sentido, a palavra “proskinéo”, que significa prostrar-se e adorar, reverenciar, respeitar (Mt 4.10; Jo 4.20s, 23s; 12.20; At 24.11; I Co 14.25; Hb 11.21; Ap 4.10; 14.7; 19.4). Assim sendo, nas línguas bíblicas, adorar tem o sentido básico, primeiro, de lançar-se com o rosto ao chão (prostrar-se), prestando homenagem, reverenciando ou respeitando alguém, ou ainda, fazer o mesmo por medo, temor (e tremor) diante da divindade (Nm 20,6; I Rs 18,42; II Cr 20,18; Sl 86.9; 95.6; Mt 26,39; Lc 5.8; 8.47; Ap 5.14).

O sentido comum da palavra adoração, em nossa língua portuguesa, é render culto ou veneração a Deus e, também, nutrir amor ou bem-querer por alguém ou alguma coisa. A palavra adoração chega-nos através do latim, onde significa levar a mão à boca e lançar beijos para os céus, em direção às divindades (“ad”: em direção a; “or”: boca; “ação”: movimento). Isso porque, originalmente, tratava-se de um gesto comum utilizado pelos gregos e também pelos romanos para venerarem as divindades de seu panteão. Contudo, como o beijo é para nós, latino-americanos, um gesto muito mais afetivo do que religioso, a palavra adoração acabou incorporando também esse sentido de bem-querer, de afeto, de carinho. Daí o uso popular da palavra em expressões como: “eu adoro minha irmã; eu adoro chocolate, etc...”.

Assim, de um lado a palavra adoração é teológica e seu uso é exclusivo para Deus: veneração, respeito e reverência. Por outro lado, encontramos seu uso comum no cotidiano para referir-se ao afeto por alguém ou alguma coisa. Como podemos perceber, é uma palavra rica em conteúdo. Sem dúvida, um dos textos fundamentais da Bíblia sobre a mesma são as palavras de Jesus em João 4,23: “Vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores”.

Com “fraternura”,

Rev. Marcos R. Lima