Uma acolhedora e afetuosa comunidade de fé
A CEIA DO SENHOR NA TEOLOGIA DE JOHN WESLEY - V

A CEIA DO SENHOR NA TEOLOGIA DE JOHN WESLEY - V

Ao revisar os Trinta e Nove Artigos de Religião da Igreja Anglicana, John Wesley teve o cuidado de manter inalterado o artigo dezenove, acerca da Igreja, tão somente colocando-o como o de número treze: “A Igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis na qual se prega a pura Palavra de Deus e se ministram devidamente os sacramentos, com todas as coisas a eles necessárias, conforme a instituição de Cristo.”

Esse artigo pertence à tradição protestante clássica, da Reforma. O próprio Wesley, em seu comentário acerca do mesmo, destaca três aspectos que, segundo ele, são essenciais à Igreja visível. Primeiro: Fé viva, sem a qual, em verdade, não se pode ser igreja, nem visível nem invisível. Segundo: Pregação e, conseqüentemente, ouvintes, pois de outro modo a palavra pura de Deus e a fé enfraqueceriam e morreriam. E terceiro: A devida administração dos sacramentos, os meios ordinários com os quais Deus incrementa a fé.

Tal era a importância dada por John Wesley aos sacramentos para a Igreja, que chegou em seu Journal a rotular, pejorativamente, muitos clérigos como os “piores dissidentes” da igreja, sendo “homens não santos”, “homens não sólidos na fé”, e que “não administram corretamente os sacramentos”.

Wesley acreditava que, ainda que o sacerdote não fosse digno do sacramento que ministrava, ainda assim não eliminava a presença de Cristo em sua igreja através dos sacramentos. Ele dizia que “a eficácia se deriva, não do que administra, mas do que ordena. O Senhor não permite que sua graça seja interceptada pelo mensageiro que não a recebe por si mesmo.” Colin W. Williams, estudioso do metodismo, afirma que a ênfase wesleyana sobre a santidade objetiva da igreja está ligada, diretamente, à presença de Cristo nela através dos sacramentos, independente da fé e vida dos clérigos e dos demais crentes.

Diante de tudo isto, como compreende-se a Igreja de Cristo hoje, particularmente em nossa tradição metodista, no que refere-se à Eucaristia? Vejamos: Segundo o livro “Batismo, Eucaristia, Ministério”, editado pelo CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs) e pelo CEDI (Centro Ecumênico de Documentação e Informação), “a eucaristia é essencialmente o sacramento do Dom que Deus nos faz em Cristo, pelo poder do Espírito Santo.” Esse documento trata da eucaristia como ação de graças ao Pai, “anamnese” ou memorial de Cristo, invocação do Espírito, comunhão dos fiéis e, por último, como refeição do Reino. O Relatório Interino da Comissão Internacional Anglicana-Metodista, fruto dos encontros da Comunhão Anglicana e do Conselho Mundial Metodista nos anos de 1992 e 1993, tece o seguinte comentário sobre o livro supracitado: “A Igreja Metodista Unida julga que as respostas “encorajam a nossa geração de metodistas a recuperar a nossa própria tradição wesleyana, enquanto experimentamos a convergência teológica com muitos outros cristãos”.

Assim sendo, permitamos que a Ceia do Senhor, na perspectiva de nossa tradição metodista, seja o fundamento de nossa busca pela unidade do Corpo de Cristo.

 

Com “fraternura”,

Rev. Marcos Rodrigues Lima

 

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